Autismo 🧠

GUIA INFORMATIVO FEITO POR AUTISTASAlix Kayden | Ania | Arwen | Caio Pietro | Georgia Zielinski | Irene | Jessie Berni | Kiara | Laura | Lúcifer

Rigidez Cognitiva e Stims 👋

Uma das principais características diagnósticas do autismo é a rigidez cognitiva, ela é a responsável pelo apego à rotina, resistência à mudanças, comportamentos restritivos e repetitivos tão presente no espectro. A previsibilidade traz segurança e conforto para ê autista, e a falta dela pode desencadear crises. A rigidez cognitiva também é a responsável pela dificuldade em entender conceitos abstratos e figuras de linguagem. Ela também é o que faz autistas tenderem a seguir regras e levá-las muito a sério, ou até não segui-las se não entender o motivo dela existir. Muites autistas também tem dificuldade de executar tarefas sem receber instruções do passo a passo completo. A rigidez cognitiva também faz com que haja um perfeccionismo exacerbado e uma tendência maior à frustração que muitas vezes não é compreendida por alistas.Além de sobrecarga por estímulos, é comum que as crises ocorram em decorrência do pensamento rígido, que está relacionado à disfunção executiva. A rigidez cognitiva compromete, especialmente, o processamento de informação inesperada, nova ou complexa, como também afeta a adaptação e o controle emocional de autista. Por tal motivo, quebra de planejamento e mudanças bruscas podem causar crises em autistas.Já os Stims (chamados de estereotipias na medicina) são um mecanismo usado pelas pessoas autistas para regular estresse, emoções, e também age como uma contrabalança para combater os estímulos invasivos, para evitar sobrecarga ou para que a quebra de planejamento não cause tanto prejuízo. Geralmente stims são movimentos e/ou ações repetitivos.Todos têm suas formas de aliviar estresse, como balançar o pé quando se está ansiose. A diferença é que para ês autistas os stims são essenciais. Stims podem ser uma forma de expressão para autistas. Por exemplo, aquelus que pulam quando estão felizes. Por serem estranhados pelus outres, acabamos evitando e escondendo nossos stims.Ouvir a mesma música diversas vezes, repetir frases e palavras, balançar o corpo, andar em círculos, qualquer coisa pode ser um stim. Stims nunca devem ser reprimidos, eles são extremamente benéficos. Só devem ser substituídos caso forem agressivos (machuque a si mesmo ou a outra pessoa). Enquanto nem tudo o que fazemos é um stim, quase tudo que fazemos pode ser um stim.↪️ voltar ao menu

Crises 💥

Meltdown, shutdown e burnout são termos usados para definir crises que podem ocorrer, em sua maioria, como reação a uma sobrecarga sensorial/emocional, ansiedade ou situações estressantes. Cada indivíduo pode ter um gatilho pessoal, assim como a forma na qual a crise se manifestará poderá ser diferente, bem como o suporte que ele necessitará. Tode autista é únique e suas necessidades pessoais devem ser levadas em consideração.Meltdown (ou crise explosiva/nervosa): uma perda temporária do controle emocional, podendo acarretar reações como choros e movimentos repetitivos intensos, gritos, algumas vezes até mesmo auto-agressão (como se arranhar ou se morder, por exemplo). Geralmente é um momento de emoções fortes e extremas fora do controle.Shutdown (ou crise implosiva): o termo vem da linguagem da informática e se refere a um comando capaz de desligar/interromper o sistema. Autistas, quando passam por um episódio de shutdown, costumam parecer parcialmente ou completamente distanciades do momento presente, não respondem à comunicação, distanciam-se do contato social. Algumas vezes também perdem a capacidade de retirar-se do gatilho (sobrecarga ou situação estressante) que iniciou a crise. Algumes autistas verbais ficam não-verbais durante o shutdown. É comum que se tenha enxaqueca e que ê autista acabe simplesmente dormindo/apagando.Burnout: pode ser definido como uma exaustão a longo prazo. O Burnout caracteriza-se pelo esgotamento físico e mental de forma intensificada. É comum que em uma crise como essa o autista perca o interesse em executar suas atividades, fique mais sensível a quaisquer estímulos externos e, consequentemente, mais estressade. O foco, a memória, a capacidade de comunicar-se, a capacidade de reagir a estímulos, também são diretamente afetados. Esse evento pode durar, dias, semanas ou meses, não existe tempo determinado, dependendo apenas do indivíduo, do motivo que acarretou a crise e do suporte que o mesmo receberá.Infelizmente, é muito comum encontrar vídeos de meltdowns na internet. Reforçamos que filmar e postar vídeos de autistas passando por meltdown não é aceitável em nenhuma condição.O que você DEVE fazer se algume neurodivergente estiver em crise:- Pergunte se elu precisa sair do lugar onde elu está. (Exemplos: “você quer dar uma volta?”, “você quer ir embora?”, “você quer sentar lá fora?”)- Pergunte se pode encostar nelu. Muitas pessoas quando se sentem sobrecarregadas querem um ombro amigo pra chorar, mas por favor, pergunte antes de tocar tentando confortar pois pode causar ainda mais sobrecarga.- Simplesmente dizer “Estou aqui caso precise de mim” e/ou “Tem alguma coisa que eu possa fazer pra te ajudar?”- Ofereça objetos que sirvam para stimar caso elu esteja se machucando. Não impeça os stims, mesmo que eles sejam autodestrutivos, só piora a situação! (Exemplos: se elu está se batendo, ofereça um travesseiro para elu poder bater ou sugira colocá-lo entre sua mão e sua cabeça.)- Lembre elu dos mecanismos de enfrentamento aprendidos na terapia. Esta dica é mais voltada para família e amigos. Não diga coisas como “lembra o que o terapeuta falou?”. Quando estamos em crise, é difícil organizar os pensamentos. Ao invés disso, tente dizer “tenta fazer os exercícios de respiração” e ajude no processo, se precisar e for possível, até faça junto.- Não faça perguntas e afirmações desnecessárias durante a crise. (Exemplos: “foi por causa de tal coisa?”, “você tá ansiose?”, “numa escala de 1 a 10, como está seu humor?”, “você ainda quer fazer tal coisa?”, “se acalma!”.) Espere até que elu se acalme para fazer essas perguntas. Foque em acalmar elu e não na causa.- Evite perguntas muito genéricas e abrangentes. (Exemplos: ao invés de “Como posso ajudar?”, tente “Você quer que eu busque um copo d’água?”, “Você quer ficar aqui ou lá fora?”.)- Respeite o espaço delu caso elu queira ficar sozinhe ou não queira sua ajuda.- Evite falar de si mesme. Não diminua o que elu está sentindo, não tente fazer comparações desnecessárias.- Não insista em perguntar caso alguma resposta seja “eu não sei”.- Não grite ou brigue com elu. Só piora a crise.- Não force elu a falar caso elu não se sinta confortável para isso.↪️ voltar ao menu

Alexitimia 😶

A Alexitimia é um conceito pouquíssimo divulgado e discutido que diz respeito à marcante dificuldade de verbalizar emoções e descrever sentimentos, bem como sensações corporais, etc. Outros indicadores são: a confusão entre sensações e sentimentos, etc; dificuldade em processar e discernir emoções; pouca fantasia e pouca identificação do que se passa no seu interior, entre outros. Alexitimia é muitas vezes confundida com falta de empatia.No autismo, um mito comum que mais persiste é o de que pessoas autistas não são empáticas. Isso NÃO é verdade. Autistas também são empátiques e reconhecem emoções, só que muitas vezes de um modo diferente. Cerca de 50% da população autista possui Alexitimia.Apesar de traços semelhantes, Autismo e Alexitimia não são a mesma coisa. Autismo acontece sem Alexitimia e Alexitimia pode acontecer sem o autismo. Isso explica o porquê de algumes autistas possuirem problemas com emoções enquanto outres autistas já não possuem.↪️ voltar ao menu

Hiperfoco e Interesses Especiais 🔍

Hiperfoco é um estado de atenção elevado em determinada tarefa ou assunto. Este estado de concentração vai além de um foco normal, a pessoa hiperfocada não consegue parar de pensar naquilo, muitas vezes até esquece de comer, beber água ou até ir ao banheiro. Muitos desses assuntos em que hiperfocamos acaba sendo recorrente ou por um tempo maior. Esses assuntos acabam ocupando parte importante da na vida da pessoa autista. Chamamos esses interesses em que hiperfocamos de interesses especiais, apesar de informalmente nos referirmos a eles como hiperfocos. Nem todo hiperfoco se torna um interesse especial, e nem sempre estamos hiperfocades nos nossos interesses especiais. Por exemplo, você pode hiperfocar numa tarefa da escola e o hiperfoco durar somente umas horas. Mas também você pode ter interesse especial numa banda mas o seu hiperfoco ir e voltar com certa regularidade, mas ele não deixa de ser seu interesse especial. Hiperfoco é muito presente na vida de pessoas TDAH e autistas. No TDAH, a pessoa costuma ter hiperfocos mais curtos e que trocam mais rápido. Já no autismo, muitos desses hiperfocos são bem duradouros. Na ausência de diagnóstico, por vezes, confunde-se o hiperfoco com estados de fixação e obsessão. Os interesses especiais por ocuparem parte significativa da vida da pessoa autista, tem muito significado e importância emocional para a ela, além de ajudar a se conectar com outras pessoas com mesmos interesses. Esses interesses especiais também podem se tornar conforto e ajudar a pessoa a se regular. Além da possibilidade de evolução para uma área de estudo ou trabalho se for no âmbito acadêmico por exemplo.↪️ voltar ao menu

Transtorno Sensorial 🎧

O Transtorno de Processamento Sensorial (ou TPS) é uma dificuldade no processamento de estímulos externos, como toques, sons, luzes, etc. Pode se apresentar como hipo ou hipersensibilidade (sentir as sensações de menos ou demais) ou ambas ao mesmo tempo. O TPS é um forte indicativo de que alguém pode estar no espectro. O excesso ou variações específicas de estímulos podem resultar em sobrecargas que podem ser desencadear uma crise.A hipersensibilidade sensorial costuma levar a pessoa a evitar os estímulos, como cobrir a orelha, fechar os olhos com força, evitar contato físico, etc. A hipossensibilidade faz com que a pessoa busque estímulos para compensar, como criança que põe a boca em tudo e lambe, buscar cores fortes e coisas brilhantes, encostar em tudo, gritar ou ouvir coisas com som alto.A presença do TPS não é obrigatória em pessoas autistas, mas é muito comum, sendo um dos primeiros critérios avaliadas em um processo de diagnóstico. Alguns exemplos são: sensibilidade a sons, luzes, cheiros, texturas, seletividade alimentar, etc.As sensações causadas pelos estímulos são muito particulares a cada pessoa, variando de um desconforto até uma dor física. E a reação varia também com o nível de sobrecarga da própria pessoa, sendo mais forte quando se está cansade, ansiose ou já está exposte a muitos estímulos há um tempo mais longo.É importante sempre perguntar à pessoa em questão se elu se sente confortável com certos estímulos antes de qualquer coisa. Saber se há excesso de ruídos, sons muito altos, luzes ou cores muito fortes, contato físico exacerbado, etc. Cada autista vai poder falar melhor sobre os próprios limites.Acesse aqui uma checklist com diversos sinais do TPS ao longo da vida.↪️ voltar ao menu

Masking 🎭

Masking, como o termo já deixa a entender, é a habilidade de mascarar algo. No autismo, o masking é usado para esconder características do espectro que possam ser vistas como diferentes daquelas consideradas "normais". Alguns exemplos são esconder os stims, forçar contato visual, etc.O masking é muito comum em autistas, e também um dos motivos pelo qual o diagnóstico é dificultado. Na maioria das vezes, o masking é feito de maneira não intencional, ou seja, nem mesmo ê autista percebe que está fazendo, e isso pode vir desde a infância. Isso ocorre pelo fato do masking ser um mecanismo de defesa e uma resposta a trauma. É uma consequência de toda violência sofrida desde o início da vida da pessoa autista, que tem suas dificuldades diminuídas e ignoradas e suas características neurodivergentes criticadas e reprimidas a ponto de fazê-la mudar todo seu comportamento a fim de evitar essa ostracização.O masking geralmente é feito a partir da observação do comportamento das pessoas alistas e, assim, imitá-lo. Seja a forma de se mexer, de falar, de se comportar... Assim, a pessoa autista consegue esconder suas características e assim ser enxergada como "normal" pela sociedade.Contudo, mascarar pode trazer problemas. Esconder e reprimir as características durante muito tempo sobrecarrega ê autista, aumentando as chances de uma crise, além de muitas vezes impedir ou dificultar muito um diagnóstico. Muitas vezes leva a depressão, ansiedade, burnout, etc. É ideal que autistas possam mostrar suas características sem medo para terem uma melhor qualidade de vida.O método de abordagem mais utilizado pela medicina e psicologia até hoje para lidar com o autismo é conhecido como ABA (Applied Behavior Analysis). A organização americana chamada Autism Speaks é conhecida por utilizar e divulgar esse método. Ele muitas vezes é utilizado para repressão de toda e qualquer característica autista, a fim de “curar” o “transtorno” e “tirar” o indivíduo do espectro. Esse discurso é extremamente danoso e prejudicial e deve ser combatido.Podemos construir um paralelo com o que se fazia com canhotos até recentemente – amarravam a mão esquerda para que eles fossem obrigados a escrever com a direita. A teoria do ABA é fundamentada na “ciência” produzida pelo mesmo “cientista” que propôs a “cura gay”, nem precisamos explicar que é basicamente a mesma coisa, né? Os “especialistas” convencem os familiares de que o comportamento neurotípico imposto a sues filhes é a “saída” para o “problema” que elus enfrentam. O que elus não veem é o mal que estão causando. Elus não percebem que sues filhes sofrem por excesso de estímulos, por sobrecarga, por estresse e ansiedade, etc. O que elus fazem é fazer ês filhes engulirem o choro e achar que elus estão bem por ter parado de chorar. E a questão é muito mais profunda que isso.Atualmente, há uma forte mobilização da comunidade autista contra esse tipo de método quando utilizado de forma abusiva, utilizado principalmente em crianças. Ele traz danos imensuráveis que refletem frequentemente no psicológico do indivíduo como depressão severa e ansiedade. Ê autista tem seus limites ultrapassados o tempo todo por ignorância daquelus que vivem ao seu redor, isso leva a uma constante sobrecarga que resulta em crises constantes.A verdadeira luta da comunidade é contra a desinformação, contra aquelus que dizem que autismo é uma doença e contra o capacitismo presente na sociedade todos os dias. Precisamos de mais compreensão, mais suporte e mais respeito para que possamos finalmente ter paz e deixar essa necessidade de agir como neurotípiques para sermos aceites. Precisamos entender que o autodiagnóstico é o primeiro passo nessa luta onde a medicina, a psicologia e familiares têm se mostrado nossos maiores inimigos. Precisamos que entendam que somos válides do jeito que somos e não precisamos mudar, não precisamos ser menos autistas. E, finalmente, precisamos de apoio para sermos quem somos, sem precisar mudar, para podermos alcançar a autoaceitação e nos sentirmos amades do jeito que somos.Quando passamos a nos identificar, a nos ver no autismo, é que a perspectiva começa a mudar. Você é quem se conhece melhor, você é quem sabe tudo que você passou. Aí que entra o autodiagnóstico, enquanto instituições como Autismo Speaks espalham desinformação e fazem desserviço, nossa comunidade luta para acolher autistas de todas as idades, raças, classes, e condições sociais, quem antes se sentiam deslocades. O autodiagnóstico é o primeiro passo na jornada de autodescoberta e leva à busca pela avaliação profissional. Ainda é muito difícil achar profissionais que não sigam esse modelo antiquado pregado por médicos, psicólogos e familiares. Por isso, o autodiagnóstico não deve ser desvalidado, e todo apoio possível deve ser oferecido ao indivíduo que dá início a essa caminhada longa e que não precisa ser solitária. Precisamos de mais colaboração e menos preconceito.↪️ voltar ao menu

Disfunção Executiva 🚦

As funções executivas são as funções cerebrais responsáveis pela execução de tarefas, desde as mais simples do dia a dia até as mais complexas. Memória de trabalho, atenção de curto prazo, organização e controle de impulsos são alguns exemplos. Para quem tem disfunção executiva, iniciar tarefas, persistir nelas, fazer tarefas simples, receber instruções, pode ser um desafio. A condição está muito presente no autismo, no TDAH, na depressão e ansiedade.Para entender melhor, pense na seguinte tarefa: lavar a louça. Ela está subdividida em vários pequenos passos, pegar a esponja, colocar detergente, separa a louça. Para a maioria das pessoas, este processamento de etapas é feito de maneira automática. O cérebro de quem tem (ou está passando por) disfunção executiva faz muito mais esforço e gasta muito mais energia apenas para pensar e organizar o processo.Ela também é a responsável por sentirmos emoções tão fortes que às vezes fogem do nosso controle. Quando passamos por uma frustração, é comum ter uma resposta relativamente forte. Também está relacionada a dificuldade de flexibilização, o que leva à criação de rituais. Esses rituais permitem que fiquemos na nossa zona de conforto, pois cria uma forma de automatização que nos conforta.Vivemos cansades, procrastinamos sem intenção e lutamos para terminar as obrigações. Instruções precisam ser escrita para não esquecermos. Mas a culpa NÃO é nossa. Não é preguiça, não é má vontade, não é irresponsabilidade. Disfunção executiva é um fator que pode ser incapacitante e piora com o nível de sobrecarga da pessoa. Ela nos faz precisar de adaptações, paciência, flexibilização nos prazos e várias outras coisas.↪️ voltar ao menu

Ecofenômenos 🐚

A definição médica dos ecofenômenos (geralmente chamamos todos de ecolalia no dia a dia) é que eles são "ações imitativas automáticas sem consciência explícita", e são identificados como patológicos. Por isso, muitas vezes são vistos como algo ruim e que deve ser eliminado.
Assim como os stims, os ecofenômenos são involuntários, ou seja, não temos controle sobre essas ações e elas acontecem de forma automática. Muites “especialistas” afirmam erroneamente que ecofenômenos são inúteis. Quando tomamos consciência deles, podemos fazer uso de tais como mecanismos de autorregulação e comunicação. Eles estão entre as características repetitivas mais presentes no autismo, mas nem todos são conhecidos, e também são comuns em outras neurodiversidades como o TDAH ou Síndrome de Tourette.
Ecofenômenos incluem:🗣️ Ecolalia: vocalizações, envolvendo repetições de palavras, sons ou frases, diversas vezes ou de imediato, podendo ser bem depois ou assim que lhe acabou de ser dito algo. Podem ser repetições de diálogos de filmes e/ou séries, de frases que chamam a atenção da pessoa, músicas, palavras, barulhos que os animais fazem, como miado de gato, latido de cachorro e etc.A ecolalia pode ser muito benéfica, ajudando autistas não-verbais ou semi-verbais no aprendizado da falar e/ou na comunicação, sem falar que muitos de nós a usamos como stims vocais também, podendo nos ajudar em momentos de estresse e/ou crises. Mas ela também pode incomodar, porque algumes autistas tem a ecolalia por repetição imediata, repetindo imediatamente tudo que lhe falam, podendo causar exaustão.Dica: Assista o filme Life, animated que conta a história de um menino autista que reaprendeu a falar por conta de seu hiperfoco em filmes da Disney e a ecolalia que o fazia repetir os diálogos das animações.🗣️🔁 Palilalia: quando a pessoa repete a si mesma involuntariamente. Pode ser repetição de palavras, frases, ou até mesmo sentenças completas. Essa pode ser um tanto irritante às vezes, porque pode fazer com que a pessoa fique presa num looping de se repetir, mas não é uma regra, pode diferir de pessoa pra pessoa. Um exemplo é se a pessoa fala "Yeah", a palilalia pode fazer com que ela fique falando essa palavra seguidamente, "Yeah-yeah-yeah(...)". Esse looping pode ocorrer quando a pessoa encontra uma dificuldade em se expressar ou esquece alguma palavra, pode se parecer com um gaguejar também.🗣️🎶 Ecopatia: repetição de tons de voz (usar a voz para alcançar vários tons/timbres diferentes). Isso é basicamente imitar, falando com a voz mais grave ou mais fina. Pode envolver sotaques, havendo grande interesse pela riqueza de diferentes palavras e sotaques que algumas línguas tem, como a nossa por exempli. E muitas vezes repetimos frases ou palavras tanto em diferentes tons de voz, como em diferentes sotaques.📖 Ecografia: repetição de palavras escritas ou digitadas. É basicamente isso, repetir as palavras que se está lendo ou escrevendo, seja em pensamento (se relacionando com a ecologia) ou vocalizando (se relacionando com a ecolalia).💭 Ecologia: repetição de sons no pensamento, como frases específicas, músicas, palavras marcantes, sons ouvidos recentemente, etc. Seria a ecolalia do pensamento, a pessoa faz essas repetições mentalmente, sem as vocalizar. Pode ser cansativa também, e/ou intrusiva, repetindo, por exemplo, uma música do nada enquanto se faz uma prova. Pode ser de ajuda, repetindo tal música num momento difícil, ou repetindo alguma informação importante para o momento.😁😜 Ecomimia: repetição de expressões faciais, como copiar as expressões de outras pessoas ou repetir expressões marcantes. Repetir expressões faciais tanto das pessoas ao redor, como também de personagens em filmes e/ou séries.🤘Ecolaliplasia: repetição envolvendo língua de sinais. Essa repetição ocorre com pessoas mudas e/ou com autistas não-verbais ou semi-verbais, bem como com pessoas que simplesmente também saibam língua de sinais.✍☝ Ecoplasia: hábito repetitivo de traçar o contorno de objetos mentalmente ou fisicamente. Basicamente, é quando a pessoa ou passa os dedos pelos objetos, os contornando, ou quando os contorna mentalmente, também podendo contornar traços de pessoas e animais.💃 Ecopraxia: repetição de movimentos com o corpo. Trata-se de repetições de movimento, como repetir um passo dança, um gesto, se balançar pular e etc.Lembrando mais uma vez que os ecofenômenos são involuntários! Não temos controle sobre eles, eles simplesmente acontecem, muitas vezes nem notamos. Contudo, podemos, sim, usá-los como stims voluntários e mecanismo de comunicação ao aprendermos ou notarmos eles.↪️ voltar ao menu

Comunicação 💬

Uma das características mais comuns observadas no autismo é a diferença na comunicação e na interação social, que pode incluir atraso na fala na infância, ecolalia, falta de contato visual, falta de uso de expressões faciais, tons de voz e de gestos de faz de conta e ecolalias.Mas, como o autismo é um espectro e os indivíduos são plurais, algumes autistas podem também começar a falar muito cedo, algumes podem ser expressivos demais, usar expressões faciais consideradas exageradas, falar mais alto e com muita ênfase, especialmente quando falam sobre seus hiperfocos. Outros meios de comunicação dê autista também podem ser seus stims e ecofenômenos.Autistas também costumam falar e compreender as coisas de modo mais direto e literal, o que pode causar situações constrangedoras e gerar ofensas. As dificuldades nas interações vão além, pois a literalidade afeta também a compreensão de algumas piadas e expressões, assim como nuances da interação social. Autistas costumam ser mais sinceros e pragmátiques e não vêem sentido em hábitos neurotípiques, como criar regras sem a intenção de segui-las, costumes e tradições antigos e sem muito sentido ou agir amistosamente na frente de uma pessoa e maliciosamente pelas costas.Essas diferenças causam frustração na interação com neurotípiques e ocasionalmente uma sensação de incompreensão mútua.Há também ês autistas não falantes, que não se comunicam através da fala, mas que podem usar a escrita ou digitação, formulação de frases através de imagens ou até LIBRAS. Um exemplo é Naoki Higashida, um autista de nível 3 de suporte, que não fala, mas escreveu "O que me faz pular", um dos livros mais conhecidos sobre autismo.Indicadores de tom:Quando tratamos de interação social por meio de redes online, os textos escritos podem dificultar ainda mais a compreensão da intenção do falante. Isso se deve ao fato de não podermos usar dicas como expressão facial e corporal, tom de voz, etc. Fica mais complicado entender ironia, piadas, etc. Para autistas, este pode ser um grande obstáculo. Tendo isso em mente, procuramos escrever a intenção no final do texto entre parênteses ou após uma barra. Preferimos que se escreva por extenso em respeito a disléxiques e outres que têm dificuldade com abreviações. Basta dizer qual sua intenção/tom. Vale lembrar que pessoalmente também se deve deixar clara sua intenção, a confusão de autistas não é engraçada nem frescura. A seguir, alguns exemplos de indicadores de tons para você usar em suas redes sociais:
(ironia) | /ironia
(genuíno) | /genuíno
(positivo) | /positivo
(negativo) | /negativa
(piada) | /piada
(meia piada) | /meia piada
(sério) | /sério
(platônico) | /platônico
(romântico) | /romântico
(metáfora) | /metáfora
(literal) | /literal
(retórico) | /retórico
(meme) | /meme
(hipérbole) | /hipérbole
(feliz) | /feliz
(triste) | /triste
(raiva) | /raiva
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Níveis de Suporte 🚸

O autismo é tradicionalmente classificado em três níveis: um, dois e três, que são conhecidos popularmente como leve, moderado e severo. A medicina os classifica de acordo com o nível de “comprometimento”, ou seja, quanto mais “afetado” pelo “transtorno”, mais “grave” é o nível de autismo. Essa classificação é extremamente ofensiva e incorreta. Vale lembrar que ume autista moderado não é “mais autista” do que ume leve, ou “menos autistas” do que ume severo, todos são igualmente autistas, e também não devemos subestimar as dificuldades de ume autista leve e as competências de ume autista severo.Sendo assim, ês autistas adotaram um sistema de classificação que leva em conta o nível de suporte do indivíduo. Quanto mais ajuda elu precisa, maior o nível de suporte. Os níveis continuam sendo de 1 ao 3.As características dos níveis serão apresentadas a seguir:Nível 1:
Os sintomas do autismo são iguais em todos os níveis, porém no nível 1 eles são mais brandos e mais difíceis de serem percebidos, levando às pessoas nessa parte do espectro a “parecerem normais”, o que pode ocasionar num diagnóstico tardio.
Nível 2:
Nesse nível, os sintomas são mais aparentes, os atrasos e transtornos de linguagem são bem mais comuns. Precisam de um suporte maior. Deficiência intelectual (DI) é uma comorbidade comum nesse nível.
Nível 3:
Autistas nesse nível possuem várias dificuldades, podendo apresentar habilidades cognitivas baixas, inflexibilidades mais severas, tendência maior ao isolamento e também podendo ser não-verbais (ou seja, sem expressão pela fala). Terapias podem fazer a pessoa migrar para o nível 1 ou 2. Sim, é possível “andar” no espectro, tanto para frente quanto para trás. Ume autista nunca sai do espectro.
Dentro disso, cabe frisar que o tratamento no autismo deve buscar a independência e funcionalidade do indivíduo, aumentando sua qualidade de vida e não tentando “curar o autismo”.Sobre Síndrome de AspergerEsta classificação entra em desuso em 2022, já não está presente no DSM-5 e sai no CID-11 também. Mas por que?Hans Asperger foi psiquiatra, diretor do centro de educação curativa, responsável por acompanhar cerca de 200 crianças que apresentavam problemas comportamentais semelhantes, dos quais indentificou um padrão de traços, que chamou de psicopatia autista, Asperger identificou que entre essas crianças, algumas tinham a fala bastante desenvolvida, e apresentavam intelectualidade até mesmo superior às crianças típicas, sendo assim, seus estudos foram retomados posteriormente por uma psicologa para basearem a sua tese de que o autismo é um espectro, trazendo para discussão os autistas nível 1 de suporte. Tais relatos podem ser encontrados no livro que se chamava "A síndrome de Asperger", porém a autora não defendia a ideia do diagnóstico separado, apenas defendia mostrar a síndrome descrita pelo médico.Entretanto, o livro "As crianças de Asperger: o autismo da Viena nazista" nos mostra a quem servia esses estudos de Asperger. Ao descrever a psicopatia autista como uma régua em que, em uma ponta estavam crianças com determinados sintomas e diagnósticos que poderiam ser membros efetivos da sociedade, falou que, na outra ponta, haviam crianças que não o poderiam, e estas eram, em grande parte dos casos, intitucionalizadas e assassinadas. Asperger, portanto, colaborava com a eugenia nazista nos seus dois aspectos: na eugenia possitiva, em oferecer os devidos cuidados das crianças selecionadas aos alemães, já que estas estavam na ponta favorável do espectro poderiam ser membros efetivos do Estado, e da eugenia negativa: de excluir (e mesmo matar) aqueles que não correspondiam a este padrão. Sendo assim, ao classificar um conjunto de traços autistas como "Síndrome de Asperger", reforça-se as ideias trazidas pelo médico, de que há autistas superiores, ou menos autistas que outros, e que são, portanto, mais dignos de viver em sociedade e vice-versa.↪️ voltar ao menu

Símbolos ♾️

O quebra-cabeça:O quebra-cabeça foi usado pela primeira vez em 1963, foi popularizado pela organização estadunidense Autism Speaks e representa a complexidade e a dificuldade de compreensão de pessoas autistas.A fita de quebra-cabeça é o símbolo mundial da conscientização do autismo e uma das várias fitas da consciência, usadas para a conscientização de alguma doença, como a fita vermelha de conscientização da AIDS.Apesar de ser o símbolo que o mundo escolheu para representar o autismo, os próprios autistas não a usam. A Autism Speaks é uma organização que busca “curar” o autismo, e é um dos, senão o maior, desserviço da comunidade. E o símbolo dá a entender que a “peça que falta” em autistas é a cura do autismo, além de poder ser interpretada como ê autista sendo alguém que não se encaixa na sociedade, sendo um símbolo capacitista.Cor azul:A cor azul se popularizou também pela Autism Speaks, em sua campanha “light it up blue” (ilumine em azul, em português). A cor foi escolhida porque a maior parte dos casos de autismo se dava em meninos, pois a maioria das pesquisas sobre autismo eram feitas com meninos brancos, héteros e cis. Também por ser uma cor calma em um mundo agitado para ês autistas.A cor também não é usada por autistas. Hoje já se sabe que os meninos não são uma maioria tão esmagadora na população autista, além de toda a questão com a Autism Speaks, que é muito longa e problemática.O infinito de arco-íris:Este é um símbolo mais recente. A ideia é que este símbolo represente todo o movimento neurodivergente, mas é mais comumente associado apenas ao autismo. Ambos, o infinito e o arco-íris, representam a abrangência do espectro, e como cada pessoa autista é única.Então sempre que você for querer representar o autismo com um símbolo, use esse, já que é o mais aceito pelos autistas, e não foi criado por uma organização problemática.↪️ voltar ao menu

LGBTQIA+🌈

Quando tratamos de orientação sexual e identidade de gênero, autistas são muito mais prováveis de serem identificades como parte da comunidade LGBTQIA+ devido a sua diferente perspectiva sobre questões e rótulos sociais, o que reflete diretamente na facilidade de autoaceitação como tal. Faltam pesquisas sobre pessoas autistas com relação à comunidade LGBTQIA+, e, principalmente, sobre pessoas autistas que não sejam voltadas a pessoas cis do gênero masculino.Trata-se de um tema raramente discutido tanto no contexto de neurodivergências, quanto no contexto de orientação sexual e formas de identificação de gênero. Uma consequência disso é a falta de atenção médica à saúde sexual de pessoas neurodivergentes e pessoas da comunidade LGBTQIA+. Além de concepções equivocadas da sociedade sobre orientação sexual (lésbicas, gays, bissexuais, assexuais, pansexuais e outras formas de orientação sexual) e formas de gênero (transgênero, queer e outras identidades de gênero), o capacitismo ainda permite a propagação de outras concepções equivocadas sobre os temas em pessoas neurodivergentes.As dificuldades de autistas da comunidade LGBTQIA+ são ainda mais significantes, considerando a resistência da sociedade em aceitar a capacidade e o direito que pessoas com deficiência possuem de expressar seus gêneros e sexualidades. No entanto, autistas vivem as múltiplas dimensões da sexualidade e de gênero, sendo equivocado presumir a falta de capacidade destas pessoas para tanto. Inclusive, o número de autistas transgêneros é considerável, diante da falta de identificação com o gênero designado no nascimento da pessoa.Além das identidades transgêneras binárias, as identidades trans não-binárias também fazem parte da comunidade LGBTQIA+. O xenogênero, em especial, é parte da comunidade trans não-binária de microidentidades. No entanto, não se confunde com genderfluid ou outras identidades. A pessoa xenogênera expressa sua identidade por meio de metáforas, por não se sentir confortável com outros termos de identidade de gênero ou não se identificar com outras identidades já existentes. Em razão disso, é uma identidade de gênero comum entre pessoas neurodivergentes ou por pessoas que não possuem conexão com outras identidades, em decorrência de qualquer outro fator. Ser xenogênero não excluí outras formas de identificação e alinhamento.Logo, todas formas de sexualidade e identidade de gênero devem ser respeitadas, sejam elas expressadas por pessoas com deficiência ou pessoas sem deficiência, visto que fazem parte da experiência única de vida de cada uma dessas pessoas, ressaltando ainda os desafios extraordinários de discriminação e de capacitismo sofridos por autistas LGBTQIA+.↪️ voltar ao menu

Comorbidades 🔗

Comorbidade é a existência de uma ou mais condições em uma pessoa ao mesmo tempo. Acontece pois algumas condições potencializam as chances umas as outras existirem. A existência de comorbidades pode dificultar o diagnóstico e influenciar o prognóstico.No autismo, as comorbidades mais comuns são: TDAH, Deficiência Intelectual (DI), Epilepsias, Disturbios do sono, TOC, Bipolaridade, Transtorno de Ansiedade, Depressão.É importante frisar que essas condições não estão sempre atreladas ao autismo nem fazem parte do diagnóstico. Existem pessoas que as possuem sem serem autistas e pessoas autistas que não as possuem.↪️ voltar ao menu

Glossário 🗂️

ABA: (Applied Behavior Analysis - Análise do Comportamento Aplicada) método de terapia controverso que muitas vezes é utilizado com o intuito de "curar" o autismo reprimindo as características do espectro de forma forçadaAlexitimia: dificuldade de identificar e expressar sentimentosAllistic: (alista, no português) é qualquer indivíduo que não seja autistaAnjo azul: Termo usado por pais de crianças autistas para se referir a seus filhos, normalmente para insinuar que autistas são "puros" e "inocentes".Autism Speaks: Organização que utiliza e divulga ABA, rouba a fala de autistas e ainda busca por cura do autismo, (frequentemente vista como uma inimiga da comunidade autista)Autista: indivíduo que apresenta traços do espectro (qualquer outra forma de se referir ao autista está incorreta e é ofensiva)Burnout: período de sobrecarga do cérebro devido a cansaçoCapacitismo: preconceito contra Pessoa com DeficiênciaCid-10: Classificação Internacional de doenças, décima edição, será substituída pelo CID-11CID-11: Classificação Internacional de doenças, décima primeira edição, será implantado até 2022Comorbidades: condições que ocorrem simultaneamenteComunicação Alternativa: qualquer forma de se comunicar que não utilize a comunicação verbal oralDSM-V: Manual [psiquiátrico] de Diagnóstico e Estatística - 5ª ediçãoEcofenômenos: fenômenos comportamentais que se manifestam como a imitação e repetição dos outrosEcolalia: imitação e repetição de sons e falasHiperfoco: foco ampliado em assuntos de interesse presente no autismo e no TDAHInteresse Especial: objeto do hiperfoco que se torna parte importante na vida do autistaMasking: ato de mascarar características do espectro a fim de ser passável (voluntário ou não)Meltdown: crise explosiva experienciada por autistasNeurodivergente (ND): pessoa com desenvolvimento neurológico que foge do considerado "normal" (exemplos: autismo, TDAH, dislexia, discalculia, etc)Neurotípico (NT): pessoa que não tem nenhuma neurodivergênciaNão-Verbal: pessoa que se comunica apenas por comunicação alternativa, ou seja, não usa linguagem verbal faladaParente azul: Termo criado pela comunidade para se referir satiricamente aos pais neurotípicos de autistas que possuem uma visão estereotipada do espectroSemi-Verbal: (quem tem mutismo seletivo) pessoa que fica não-verbal em determinados momentosShutdown: crise implosiva experienciada por autistasStim: (estereotipia) comportamento repetitivo de estimulação sensorial autorregulatórioVerbal: pessoa que se comunica usando linguagem faladaXenogênero: identificação de gênero que usa como referência alguma forma de metáfora usado por neurodivergentes por terem uma percepção de gênero diferente da sociedade no geral (não impede alinhamento)↪️ voltar ao menu
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